A Escola Estadual Professora Neiva Maria Leite recebeu, na tarde de sexta-feira (24), a audiência pública do Governo de Minas Gerais que integra o processo de consulta sobre o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para a construção, operação e manutenção da ponte sobre o reservatório da Usina Hidrelétrica Mascarenhas de Moraes, ligando os municípios de Delfinópolis e Cássia.

Transmitido ao vivo pelo canal oficial do Governo de Minas, o encontro reuniu autoridades estaduais e municipais, deputados, vereadores, representantes de órgãos técnicos e a população local, que compareceu em grande número para acompanhar as discussões e apresentar contribuições.
A audiência teve como objetivo coletar sugestões e observações da sociedade sobre o modelo de concessão proposto. O subsecretário de Concessões e Parcerias do Estado, Vítor Alves Marcela, apresentou a modelagem preliminar do projeto, explicando que a PPP será do tipo concessão patrocinada — modelo em que a empresa contratada será responsável por todo o processo de licenciamento ambiental, projeto executivo, construção e operação da ponte, recebendo remuneração tanto do Estado quanto de tarifas aplicadas à travessia.
De acordo com a apresentação, o investimento previsto está entre R$ 150 e R$ 200 milhões, com prazo estimado de dois anos para execução da obra, após cerca de um ano de licenciamento e projeto executivo. A previsão do edital é para dezembro de 2025, e o leilão público deverá ocorrer em março de 2026, com entrega final estimada até 2029.
O projeto prevê uma ponte de aproximadamente 1.280 metros de extensão, com sistema de pedágio eletrônico em pórtico, sem cancela, com leitura automática de placas. A tarifa inicial proposta é de R$ 15 por automóvel, com descontos progressivos para usuários frequentes.
“Um sonho antigo que começa a se tornar realidade”
Durante a abertura, o prefeito de Delfinópolis, Pedro Paulo Pinto, destacou o significado histórico do momento e lembrou que o sonho da ponte começou ainda em 2015, quando buscou a primeira anuência do governo estadual.
“Se lá atrás a gente não tivesse dado esse primeiro passo, hoje não estaríamos aqui debatendo essa obra tão sonhada. Essa ponte é fruto de trabalho e união, não de política. É dedicação de todos que acreditam no futuro da nossa cidade”, afirmou.
O prefeito também agradeceu aos deputados Antônio Carlos Madeira e Carlos Neves pelo apoio à causa e reforçou que a discussão é técnica e voltada exclusivamente ao desenvolvimento regional.
Preocupação com o pedágio
Entre os parlamentares presentes, o deputado federal Emidinho Madeira defendeu a importância da ponte, mas foi enfático ao se opor à cobrança do pedágio.
“Quando a barragem de Furnas foi construída, há mais de cinquenta anos, a população já pagou um preço muito alto. O povo perdeu terras, produção e acesso. Não é justo pagar de novo para atravessar o mesmo lago”, disse, sob aplausos.
O deputado estadual Carlos Neves também reforçou o compromisso com a viabilidade do projeto, mas concordou que a tarifa precisa ser revista: “Precisamos da ponte, mas de uma forma que não penalize quem depende dela todos os dias.”
Voz da comunidade
Durante as manifestações abertas, os moradores ressaltaram a importância da transparência técnica e financeira. O delfinopolitano Fabiano Cunha sugeriu que a Câmara Municipal contrate assessoria especializada para revisar os documentos do projeto antes da assinatura da concessão. Já o ex-prefeito José Geraldo lembrou que o município “contribuiu com o desenvolvimento do país por meio de Furnas” e que agora merece “uma travessia digna e acessível”.
A instrutora do SENAR Minas, Cláudia Verola, elogiou o potencial turístico da região e defendeu que a ponte seja pensada também sob o olhar do turismo sustentável: “O turismo é a ponte que liga pessoas e culturas. Essa obra precisa respeitar o morador e valorizar o visitante.”
Outro ponto levantado foi a altura da ponte (gabarito vertical). Moradores alertaram que o projeto inicial, com cerca de 4 metros, seria insuficiente para o tráfego de embarcações turísticas, que exigem pelo menos 11 metros de vão. O governo se comprometeu a reavaliar o dado técnico.
Encerramento
Representantes da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) reforçaram que todas as contribuições serão analisadas e respondidas formalmente no relatório da consulta pública. O subsecretário destacou que o modelo de PPP é o mais eficiente diante do cenário fiscal do Estado e permite uma execução mais rápida e com garantia de manutenção permanente.
A audiência encerrou-se com agradecimentos às autoridades e ao público presente, que se manteve atento durante toda a sessão. Para muitos, o encontro simbolizou o início de uma nova fase: a de transformar um sonho de décadas em um compromisso concreto de desenvolvimento.
Em cada palavra dita na audiência, ficou claro: essa ponte é mais que concreto, é pertencimento.
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Matéria por Géssica Silva